A apneia do sono é caracterizada por ruídos e interrupções na respiração que se repetem, no mínimo, cinco vezes num período de 60 minutos. Não se trata de um simples ronco. Na apneia, a barulheira noturna é entrecortada por engasgos — e o duro é que muitas vezes o indivíduo nem os percebe enquanto dorme. Essas pequenas pausas na entrada de ar chegam a diminuir a concentração de oxigênio no sangue.
É daí que derivam as consequências mais sérias do distúrbio. A redução de oxigênio superativa o sistema nervoso, que eleva o ritmo dos batimentos cardíacos e estimula a contração dos vasos sanguíneos. E, com o tempo, isso se perpetua ao longo do dia. Daí o fato de a apneia do sono ser considerado um fator de risco para pressão alta e arritmia cardíaca.
Além disso, o quadro favorece o acúmulo de gordura abdominal e a resistência à insulina (hormônio que permite à glicose entrar nas células e gerar energia), condições que contribuem para o surgimento do diabete tipo 2.
A apneia obstrutiva do sono é a versão mais comum da doença. Nesses casos, o ar para de fluir para as vias aéreas em função de um bloqueio temporário causado pelo relaxamento dos músculos da garganta — questões anatômicas interferem aqui. Em crianças, o problema pode estar relacionado ao aumento das adenoides, glândulas localizadas no nariz, ou das amígdalas, estruturas que ficam na entrada da faringe. A apneia central do sono, por sua vez, é um tipo mais raro, ocasionado por uma alteração na região do cérebro que controla a respiração.
Sinais e sintomas
– Ronco
– Respiração ofegante
– Sensação de sufocamento ao dormir
– Sono agitado
– Sonolência ao longo do dia
– Dificuldade de concentração
– Dor de cabeça matinal
Fatores de risco
– Excesso de peso
– Maxilar inferior encurtado, o que empurra a língua muito para trás, tapando a garganta
– Tabagismo
– Álcool em excesso
– Uso exagerado ou equivocado de sedativos
– Aumento das amígdalas e adenoides
– Dormir de barriga para cima
– Tumores
A prevenção
Como o excesso de peso é um dos principais desencadeadores da apneia, um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada e exercício físico, é essencial para se ver livre do problema.
Os fumantes devem fazer um esforço extra e deixar o cigarro de lado, uma vez que o hábito costuma agravar bastante a condição. Recomenda-se também maneirar nas doses de bebida alcóolica, que em excesso interfere no ciclo do sono e no relaxamento da musculature da garganta e se transforma em gatilho para o distúrbio.
O diagnóstico
O relato de sono agitado e ruidoso é o ponto de partida para a detecção da apneia — e, nesse sentido, a avaliação do parceiro (ou parceira) é muito bem-vinda. A confirmação e a análise da gravidade do distúrbio são feitas por meio de um exame chamado polissonografia.
Ele é realizado em um laboratório do sono de um hospital ou clínica especializada. O paciente passa a noite ligado a um aparelho que registra parâmetros como os batimentos cardíacos, a atividade cerebral, o movimento dos olhos, a respiração e o nível de oxigênio no sangue.
Também é possível fazer esse monitoramento com um dispositivo portátil, do tamanho de um relógio, que fica preso ao pulso e em dois dedos da mão. Colocado na hora de dormir, ele assinala as condições de sono. Depois, o aparelho é levado para o médico, que analisa os resultados na tela do computador.
O tratamento
Conhecer a origem do distúrbio é fundamental para o especialista determinar as medidas de controle. Se a pessoa for obesa, a recomendação inicial é a perda de peso, associada a exercícios fonoaudiológicos para tonificar os músculos da garganta.
Apneias mais leves, em geral provocadas pelo hábito de respirar pela boca, costumam ser tratadas com dilatadores de narinas.
Para quem tem mandíbula curta, aparelhos ortodônticos feitos sob medida projetam a ossatura ou abaixam a língua, facilitando a passagem de ar.
Uma das formas mais eficazes para resolver as pausas na respiração durante o sono é o uso de um mecanismo chamado CPAP — sigla para pressão positiva contínua nas vias aéreas, em inglês. Como o nome sugere, trata-se de uma máscara que cobre o nariz e a boca e joga o ar para as vias respiratórias. O CPAP é considerado o padrão-ouro no tratamento da apneia do sono. Quando a razão do problema é uma incorreção anatômica — na arquitetura da face ou nas amígdalas, por exemplo — indicam-se cirurgias.