É muito comum confundir as duas, principalmente pela semelhança dos termos.
A rinite é uma inflamação da mucosa do nariz e pode ter várias causas. Um resfriado, por exemplo, não deixa de ser uma rinite, mas do tipo infecciosa.
Mas normalmente quando as pessoas falam em rinite estão se referindo a queixas mais duradouras (ou pelo menos recorrentes) causadas, por exemplo, pela rinite alérgica. Os sintomas mais frequentes da rinite são a coriza (secreção clara que escorre do nariz), os espirros, a coceira no nariz e o nariz entupido.
Já a sinusite é uma inflamação da mucosa que reveste os seios da face (também chamados de cavidades paranasais). Os seios da face são espécies de câmaras de ar que ficam ao redor do nariz, forradas internamente por uma mucosa muito parecida com a do próprio nariz. Essa mucosa que reveste internamente os seios da face produz muco, exatamente como a mucosa do nariz. Esse muco drena para dentro do nariz por pequenos orifícios que comunicam os seios da face com as fossas nasais.
A classificação dos tipos de rinite dependem dos critérios empregados: frequência e intensidade dos sintomas, resposta aos tratamentos, e presença de complicações e achados de exames específicos.
A Academia Europeia de Alergia e Imunologia propôs a classificação da constituída por 4 subgrupos:
A rinite infecciosa é possivelmente o tipo mais comum de rinite. É também conhecido como o resfriado comum ou infecção do trato respiratório superior. Esse tipo de rinite é causado por vírus ou bactérias geralmente autolimitadas (doença que tem um período limitado e determinado). Os resfriados ocorrem quando um vírus frio se instala nas membranas mucosas do nariz e nas cavidades sinusais e causa uma infecção.
A rinite alérgica é uma reação imunológica do corpo a partículas inaladas que são consideradas estranhas. Essas substâncias são chamadas de alérgenos. O nariz é a porta de entrada para o ar e substâncias carregadas por ele, e tem a função de filtrar as impurezas, além de umidificar e aquecer o ar que vai chegar aos pulmões.
A rinite não alérgica é uma condição que causa espirros crônicos, congestão ou corrimento nasal. Embora esses sintomas sejam semelhantes aos da rinite alérgica, a rinite não alérgica é diferente porque, ao contrário de uma alergia, não envolve o sistema imunológico. Uma reação alérgica ocorre quando o sistema imunológico reage excessivamente a uma substância inofensiva, conhecida como alérgeno.
A rinite mista é caracterizada com mais de um agente causador, podendo ser ocasionada por bactérias e vírus ao mesmo tempo.
A rinite pode ser desencadeada ou agravada pela exposição a microrganismos como vírus, bactérias ou alérgenos (proteínas) que ficam dispersos no ar e penetrarem no epitélio respiratório. Os mais comuns são os oriundos de ácaros da poeira, de baratas, de fungos, pêlos, saliva e urina de animais domésticos, alimentos.
Também atuam como desencadeantes de sintomas da rinite as mudanças bruscas de clima, a inalação de irritantes inespecíficos como odores fortes, gás de cozinha, fumaça de cigarro, poluentes atmosféricos, a inalação de ar frio e seco, além da ingestão de medicamentos antiinflamatórios, em indivíduos predispostos.
Alterações hormonais durante o ciclo menstrual, puberdade, gravidez, menopausa, assim como alterações endócrinas, como hipotireoidismo, também podem estar associadas. Este distúrbio também aparece em outras situações, como no ato sexual.
Os principais fatores de risco da rinite são:
Os sintomas típicos da rinite são:
O processo diagnóstico inclui a história clínica realizada pelo otorrinolaringologista, antecedentes pessoais e familiares de atopia (alergia), exame físico e exames complementares laboratoriais ou de imagem.
Os exames mais importantes no diagnóstico diferencial das rinites são os testes cutâneos de hipersensibilidade imediata (TCHI) e a avaliação dos níveis séricos de IgE alérgeno-específica. São importantes pela perspectiva de aplicação de medidas preventivas dirigidas, como o controle ambiental, direcionamento do tratamento farmacológico e, pela alternativa da imunoterapia específica (vacinas).
A rinite aguda, causada por questões circunstanciais irritantes ou hormonais, é curada com tratamento.
Já a rinite persistente, alérgica ou não alérgica, não possui cura. Portanto, o tratamento consegue reduzir a frequência e intensidade dos sintomas e, na maioria dos casos, manter o paciente assintomático e sem alterações da qualidade de vida.
Existem medidas que fazem parte do tratamento da rinite por meio de evitar que fatores irritantes e alergênicos entrem em contato com a mucosa nasal. Chamamos esse conjunto de medidas de Higiene Ambiental e são as seguintes conforme o IV CONSENSO BRASILEIRO SOBRE RINITES de 2017:
O quarto de dormir deve ser preferentemente bem ventilado e ensolarado. Evitar travesseiro e colchão de paina ou pena. Use os de espuma, fibra ou látex, sempre que possível envoltos em material plástico (vinil) ou em capas impermeáveis aos ácaros. O estrado da cama deve ser limpo duas vezes por mês. As roupas de cama e cobertores devem ser trocadas e lavadas regularmente com detergente e a altas temperaturas (>55ºC) e secadas ao sol ou ar quente. Se possível a superfície dos colchões deve ser aspirada empregando-se um modelo potente de aspirador doméstico.
Evitar tapetes, carpetes, cortinas e almofadas. Dar preferência a pisos laváveis (cerâmica, vinil e madeira) e cortinas do tipo persianas ou de material que possa ser limpo com pano úmido. No caso de haver carpetes ou tapetes muito pesados, de difícil remoção, os mesmos devem ser aspirados se possível duas vezes por semana após terem sido deixados ventilar.
Evitar bichos de pelúcia, estantes de livros, revistas, caixas de papelão ou qualquer outro local onde possam ser formadas colônias de ácaros no quarto de dormir. Substitua-os por brinquedos de tecido para que possam ser lavados com frequência.
Identificar e eliminar o mofo e a umidade, principalmente no quarto de dormir, reduzindo a umidade a menos de 50%. Verifique periodicamente as áreas úmidas de sua casa, como banheiro (cortinas plásticas do chuveiro, embaixo das pias, etc.). A solução diluída de água sanitária pode ser aplicada nos locais mofados, até sua resolução definitiva, mesmo porque são irritantes respiratórios. É essencial investigar outras fontes de exposição aos fungos fora do domicílio (creche, escola e locais de trabalho).
Camas e berços não devem ser justapostos à parede. Caso não seja possível, coloque-a junto à parede sem marcas de umidade ou a mais ensolarada.
Passar pano úmido diariamente na casa ou usar aspiradores de pó com filtros especiais 2x/semana. Afastar o paciente alérgico do ambiente enquanto se faz a limpeza.
Ambientes fechados por tempo prolongado (casa de praia ou de campo) devem ser arejados e limpos pelo menos 24 horas antes da entrada dos indivíduos com alergia respiratória.
Remover o lixo e manter os alimentos fechados e acondicionados, pois estes fatores atraem os roedores. Não armazenar lixo dentro de casa.
Dar preferência às pastas e sabões em pó para limpeza de banheiro e cozinha. Evitar talcos, perfumes, desodorantes, principalmente na forma de sprays.
Não fumar e nem deixar que fumem dentro da casa e do automóvel. O tabagismo pré-natal, perinatal e pós-natal está associado a problemas respiratórios futuros na prole.
Evitar banhos extremamente quentes e oscilação brusca de temperatura. A temperatura ideal da água é a temperatura corporal.
Manter os filtros dos aparelhos de ar condicionado sempre limpos. Se possível limpe-os mensalmente. Evitar a exposição à temperatura ambiente muito baixas e oscilações bruscas de temperatura. Lembrar que o ar condicionado é seco e pode ser irritante.