A apneia do sono caracteriza-se por ruídos e interrupções na respiração do paciente, que repetem-se ao menos cinco vezes durante o sono.
Conhecida predominantemente pelo ronco que provoca, a condição é responsável por uma lista extensa de sintomas potencialmente graves, que afetam significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Estima-se que cerca de 30% da população brasileira adulta sofre de apneia do sono.
Pacientes que sofrem de apneia do sono têm agravada a oxigenação de seu sangue (a quantidade de sangue que foi oxigenada após passar pelo pulmão) devido ao consumo de álcool.
O consumo frequente de bebidas alcoólicas, mesmo que em níveis moderados, potencializa a gravidade do distúrbio do sono, sobretudo quando aliado a outros fatores de risco, como a obesidade e o tabagismo.
Segundo um estudo britânico realizado pelo Centro do Sono de Londres, o consumo de bebidas alcoólicas prejudica os ciclos do sono e pode ocasionar danos graves à saúde quando consumido usualmente antes de dormir, como a apneia do sono.
Embora o consumo de álcool diminua o tempo necessário para cair do primeiro sono, ele pode anular o ciclo do sono responsável pelo maior descanso do indivíduo, o sono REM, no qual ocorrem os nossos sonhos.
Apesar da existência de muitos defensores das doses moderadas de álcool antes de dormir – em algumas clínicas e asilos, inclusive, elas são servidas regularmente aos pacientes -, é necessário ter cautela em relação à ingestão destas bebidas.
Segundo Irshaad Ebrahim, diretor-médico do Centro do Sono de Londres, “devemos tomar muito cuidado com a bebida alcoólica (consumida) regularmente. Um ou dois copos à noite podem ser bons no curto prazo, mas se você continua usando uma dose antes de dormir, poderá causar problemas”.
O especialista afirma que, ao ingerir bebidas alcoólicas, é melhor esperar entre uma hora e meia a duas horas para dormir, até que o efeito do álcool passe.
A partir do estudo britânico realizado, algumas alterações no sono relacionadas ao consumo de álcool foram identificadas, assim como a relação entre o consumo de álcool e a apneia do sono.
Primeiramente, a bebida acelera o início do sono. Em seguida, faz com que a pessoa entre em um sono profundo. Essas alterações assemelham-se às provocadas pelos remédios antidepressivos, e até parecem ser bons efeitos colaterais.
Entretanto, a terceira e última mudança é a prejudicial, e impacta o padrão do sono a partir da segunda metade da noite: o consumo de álcool reduz a duração do sono REM, o ciclo do sono que inclui nossos sonhos.
Os resultados do estudo demonstram que ingerir bebidas alcoólicas antes de dormir não é uma prática saudável, e não é útil para obter uma noite de sono de qualidade. Por mais que a pessoa caia rapidamente no sono profundo, o mesmo é interrompido mais tarde.
Como consequência, o sono torna-se menos repousante, pode gerar ronco e até mesmo interrupções na respiração do paciente, configurando um quadro de apneia do sono. Além disso, o álcool deixa a pessoa desidratada e comumente ela tem de levantar para ir ao banheiro durante a noite.
No caso dos pacientes que já sofrem com a apneia do sono, a recomendação é evitar o consumo de álcool, uma vez que o mesmo tem potencial de agravar o quadro do transtorno, além de desconfigurar ainda mais seus padrões de sono.